A atmosfera na arena semicircular era densa, como se o próprio ar carregasse eletricidade. Os alunos da Classe E-1 ocupavam os espaços próximos ao grau de segurança, conversando em grupos dispersos. Bryan estava junto à parede leste, de braços cruzados, olhos fechados, meditando silenciosamente enquanto aguardava o início da prática.
Foi então que o ruído começou.
Um burburinho crescente. Passos firmes ecoando nos corredores de pedra azulada.E logo, eles apareceram.
Kyle Trevane.
Altura mediana, cabelos loiros cuidadosamente arrumados para parecerem desleixados. Olhos verdes-musgo cintilando arrogância. Vestia o uniforme da Classe B com insígnias personalizadas douradas nos ombros — símbolos que denunciavam sua prestígio escolar.
Ao seu lado, vinham os membros da seu "Grupo":
➤ Ryan Velk : alto, corpo magro, cabelo preto caindo em franjas nos olhos. Seu sorriso era sempre torto, como se zombasse do mundo. Usava anéis de mão nos dedos e ostentava duas adagas curtas nas costas.
➤ Luenn Arvak : rosto estreito, expressão amarga. Seus cabelos cinza-claros estavam presos num rabo de cavalo baixo. Era conhecido pelo controle de magias de suporte e distração.
➤ Melissa Dalven : estatura média, cabelos pretos longos até a cintura. Olhos castanho-escuros que variavam entre desdém e tédio. Embora bonita, era conhecida pela língua afiada e por nunca se curvar a bajulações simples.
➤ Tessa Ryn : baixinha, cabelos dourados encaracolados. Seu uniforme tinha bordados prateados especiais, impedindo a afiliação com o Clube de Feitiços Intermediários. Sempre sorria, mas seus olhos eram frios.
O grupo caminhou como se o mundo pertencesse.
Quando Kyle avistou Bryan parado no canto, seu sorriso se alargou como o de um predador avistando presa ferida.
— "Ora, ora..." — disse Kyle, alto o bastante para que ecoasse na arena. — "Se não é o fantasma da biblioteca."
Vários estudantes pararam suas atividades, os olhos saltando entre os dois grupos.
— "Veio se esconder aqui depois do vexame de mais cedo?" — Ryan provocou, encostando uma adaga no ombro.
Bryan abriu lentamente os olhos âmbar, olhando-os sem mover um músculo.
Os murmúrios começaram a crescer.Alguns alunos da Classe E-1 se entreolharam nervosamente. Outros, como Kael Veyren — um dos top 5 do torneio anterior —, cruzaram os braços, intrigados.
— "Quem são esses caras?" — Disse um dos novos.
— "São da Classe B... Kyle é top 70 no ranking geral." — respondeu outro.
— "E aquele é Bryan Blake, o novo que ganhou um E-1."
A tensão aumentava em camadas invisíveis.
Kyle parou a poucos metros de Bryan. O sorriso escarnecedor alargou-se no rosto enquanto ele cruzava os braços.
— "Você acha muito durão, né, campeão?" — a voz dele ecoou na arena, o tom carregado de veneno.
Bryan proteína imobiliária.
A plateia murmurava, sentindo o cheiro da provocação explícita.
Kyle então deu um passo adiante, fazendo sua capa ondular para trás com arrogância deliberada.
— "Aqui e agora." — disse ele, com o dedo apontando diretamente para Bryan. — "Eu, Kyle Trevane, desafiei oficialmente você, Bryan Blake, para um duelo! Ou você vai correr para debaixo da saia de seus tutores, novoto?"
Um silêncio brutal caiu sobre uma arena. Os olhos de todos se voltaram para Bryan.
Ryan e Luenn, atrás de Kyle, riram abertamente, incitando o clima.
Melissa cruzou os braços, falando sério.
O Mestre Mervin Calder , que já se preparava no centro da arena, franziu o cenho.Aproximou-se com passos pesados, a capa cinza aço farfalhando.
— "Isso é ridículo." — disse ele, voz áspera. — "Vocês estão em níveis diferentes. Um duelo entre Nível B e Nível E não é permitido sem aprovação formal."
Mas Bryan pediu a mão, interrompendo.
Mas Bryan pediu a mão, interrompendo.
Seus olhos não piscavam.
— "Aceito." — disse, seco como lâmina no frio.
O silêncio que se abalou foi esmagado.
Mervin arregalou os olhos, a mão ainda levantada para gesticular uma recusa.
— "Tem certeza do que está fazendo, garoto? Esse não é um duelo justo."
Bryan apenas virou o rosto, encarando Kyle como se ele fosse uma rocha no caminho.
— "Justiça?" — repetiu Bryan, a voz de um murmúrio gélido. — "Não existe justiça aqui. Apenas força."
Kyle riu, como se o comentário fosse uma piada particularmente boa.
— "Finalmente alguém que entende!" — disse, já erguendo o punho, onde os feixes de mão começavam a se condensar.
O silêncio que tomou a arena foi cortado num instante, como vidro estilhaçado.
Assim que Bryan anunciou sua acessibilidade, as histórias explodiram.
— "Ele aceitou?!"
— "O maluco da Classe E aceitou enfrentar o Kyle?"
O eco dessas palavras percorreu os corredores de pedra viva, como uma onda invisível. Em segundos, o barco se encontra além da Sala 3-A. Primeiro pelos arredores da Arena Leste, depois pelos setores adjacentes.
A pulseira de alguns estudantes, conectada ao sistema interno da academia, piscou em tons vibrantes:
[Alerta: Combate com 4 diferença de nível entre os Tiers — Arena Leste, Sala 3-A]
— "Combate espontâneo?!" — exclamou um jovem de cabelos verdes, largando o grimório que estudava.
— "Quem são os duelistas?" — Disse sua amiga, uma garota de feições élficas.
— "Kyle Trevane... e... alguém chamado Bryan Blake."
— "Bryan...? Quem...?"
— "Não importa! Um duelo desses não é algo que se vê todo dia!"
Grupos provocaram a se mover.
Os portais internos de deslocamento mudaram para se abrirem nas laterais da arena, liberando estudantes vindos dos outros andares.
Alunos da Classe E, curiosos e nervosos. Representantes da Classe D, observando com superioridade velada. Alguns jovens da Classe C, de mantos negros com bordados carmesim, flutuavam em pequenas plataformas de mana.
A arena, antes de meio vazio, enche-se de corpos, sugestões e expectativas elétricas.
➤ Lethen Varross — Um estudante da Classe D, cabelos loiros volumosos, sorriso debochado.
— "Deve ser divertido ver um E ser esmagado."
➤ Feyla Marrin — Aluna da Classe C, cabelos cor de vinho, olhos dourados refinados como navalhas.
— "Ou talvez seja Kyle quem acabou manchado...?"
➤ Orin Talvek — Um espadachim da Classe D conhecido pela língua ferina.
— "Se Bryan sobreviver mais de dois minutos, já vai ser um milagre."
A movimentação nas arquibancadas criou uma atmosfera densa, vibrante.
Alguns estudantes já chegaram a apostar:
— "Eu aposto cinco créditos no Kyle!" — disse um garoto do grupo de suporte mágico.
— "Pfft. Apostar em Bryan? É jogar dinheiro fora." -zumbi outro.
No meio da multidão crescente, alguns veteranos observaram em silêncio, olhos atentos como obscuros. A presença deles dava peso à situação. Afinal, se veteranos da Classe B e até alguns da Classe C estavam se dando o trabalho de assistir... aquilo não era mais apenas um duelo casual.
Era um espetáculo.
Bryan apresentou imóvel no centro da arena, como se todo o tumulto fizesse parte de outro mundo.
Seu olhar âmbar fixou apenas Kyle — que, sorrindo largamente, começou a preparar sua primeira magia de ataque.
Mestre Mervin, vendo o número de espectadores aumentar, suspirou pesadamente.
— "Que belo tumulto vocês causaram..." — resmungou, mas não interveio. Era tarde demais para voltar atrás.
O campo de energia que delimitava o espaço de combate se intensificava, criando uma muralha translúcida ao redor dos dois.
Mervin suspirou pesadamente, enquanto a começava a chegar mais espectadores, pelo fato de uma luta de 4 níveis diferentes que era totalmente fora do comum.
— "Muito bem. Regras mínimas: Sem mortes. Sem mutilações graves. Vitória por rendição ou incapacidade."
Ele deu um passo para trás.
— "Preparem-se."
No dispositivo mágico de Bryan, uma notificação cintilou discretamente:
[Duelo Não-Oficial Ativado] ➤ Status: Combate autorizado. ➤ Restrições: nenhuma negociação administrativa em caso de derrota.
Os dois duelistas caminharam para o centro da arena.
As runas no chão começaram a brilhar, estabelecendo uma barreira mágica que protege os ataques, de irem para arquibancada da arena.
E então... tudo ficou em silêncio.
Bryan não foi capturado pela guarda. Não assumiu nenhuma postura formal de combate.
Ele apenas... convida lá. Ombros relaxados. Mãos nuas. Olhar fixo.
Kyle, por outro lado, já moldava uma esfera de mana compactada em sua mão direita.
Alguns olhares se voltaram para ele. Alguns com pena. Outros... com uma chama estranha de expectativa.