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Hora de Aventura: O Primeiro Campeão

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Synopsis
"Hora de Aventura" e seus personagens originais pertencem aos seus criadores. Apenas meus OCs são de minha autoria. Em um passado distante da Terra de Ooo, muito antes dos eventos da série original, um acidente interdimensional leva Rob – um herói involuntário – a um mundo pós-apocalíptico, devastado pela Grande Guerra dos Cogumelos. Após salvar uma criança de um destino trágico, ele acorda em uma realidade estranha e hostil, onde a humanidade está à beira da extinção e criaturas mutantes dominam as ruínas de uma civilização perdida. Agora, preso em um mundo onde a magia e o caos se entrelaçam, Rob terá que decidir: será ele uma força de mudança, protegendo os poucos sobreviventes e reescrevendo o futuro de Ooo? Ou suas ações desencadearão consequências ainda mais sombrias? Uma narrativa madura, repleta de dilemas morais, amizades improváveis e os primeiros passos de um herói (ou vilão) que a história jamais esquecerá.
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Chapter 1 - Prólogo

Nosso protagonista caminhava tranquilamente rumo ao trabalho, com os pensamentos dispersos, quando, de relance, viu uma criança prestes a atravessar a rua com o sinal fechado para pedestres.

— Ei, pirralha! Não tá vendo o sinal vermelho? — gritou Rob, chamando a atenção da menina, que parou imediatamente e acenou em agradecimento.

Rob soltou um suspiro de alívio e virou-se para continuar seu caminho. No entanto, mal dera dois passos quando foi cegado por um farol intenso e incandescente. Sentiu apenas um leve puxão — como se o mundo à sua volta tivesse sido arrancado — antes que a visão retornasse. Agora, ele estava sentado... em uma sala de estilo japonês, bebendo chá diante de um velho que o olhava como se observasse um pobre tolo.

"O que... Onde estou? Esse velho me sequestrou? Já não bastava estar prestes a ser demitido, agora isso?" — pensou Rob, à beira de um colapso.

O homem à sua frente, que até então parecia calmo e composto, franziu a testa e curvou a boca para baixo numa careta exasperada.

— Sério... O que há com essas crianças de hoje? Vê um velho e já pensa que foi sequestrado? — resmungou o ancião.

Rob arregalou os olhos. "Como ele...?" começou a pensar, mas foi rapidamente interrompido.

— Sim, sim, pirralho. Eu consigo ler mentes. E também sei exatamente por que você está aqui.

Sem entender nada e ainda meio zonzo, Rob se sentou cuidadosamente sobre um futon antigo, cujo tecido parecia ter saído diretamente de outra era.

— Sério? Quem você pensa que é? Invade minha casa, interrompe meu programa e ainda tem a ousadia de sentar no meu futon da Era Heian! — reclamou o velho, estalando a língua com desdém.

Rob, agora completamente perdido, finalmente criou coragem para perguntar:

— Onde... onde eu estou?

O velho ajeitou a barba — que, diga-se de passagem, era tão longa que quase varria o chão — e respondeu, num tom quase casual:

— Você morreu, Rob. Infelizmente, aquele caminhão velho, com freios que mais pareciam feitos de papelão, precisava acertar alguma coisa para parar. E, bem... ele preferiu atropelar a criança para salvar você.

"O que está acontecendo?!" A cabeça de Rob girava numa velocidade absurda, como se tentasse processar cada palavra dita. Após alguns minutos respirando fundo e se esforçando para não pirar de vez, ele encarou o velho e perguntou:

— Então... eu até gostaria de passar a eternidade aqui, tomando chá com o senhor... mas é só isso? Esse é o pós-morte?

Por um breve instante, Deus — se é que era mesmo Ele — ficou sem reação. E então soltou uma gargalhada calorosa:

— Hahaha! Ah, não, pirralho, de jeito nenhum! Eu me distraí na conversa, perdão. Agora vamos ao que interessa.

Antes que Rob pudesse perguntar mais alguma coisa, duas imensas roletas surgiram do nada diante dele. Uma trazia o título "Mundos", e a outra, "Desejos".

— Veja só — explicou o velho, batendo palmas alegremente. — Esta primeira roleta aqui contém os mundos possíveis para a sua reencarnação. A segunda, os poderes e desejos que você poderá escolher antes de partir para sua nova vida.

Rob piscou, sem acreditar no que ouvia. "Ok... vida após a morte existe. E mundos paralelos também. Normal, normalíssimo..." pensou, resignado.

A verdade era que, naquele momento, Rob já sabia exatamente o que queria. 

Sem hesitar, estalou os dedos e apontou para a primeira roleta.

— Vamos nessa. Quero ver logo pra onde vou.

A roleta dos mundos começou a girar em alta velocidade, suas placas brilhando em tons dourados. Cada mundo tinha um nome que parecia mais estranho que o outro: "Terra Média", "Alabasta", "Mundo dos Caçadores", "Hora de Aventura"...

Quando finalmente diminuiu a velocidade, o ponteiro tremeu e parou de maneira dramática: Hora de Aventura.

— Ah, ótimo. — Rob resmungou. — De todos os lugares possíveis, vou parar num desenho animado...

O velho sorriu, divertido.

— Agora, seus três desejos. Escolha sabiamente — disse, acenando para a segunda roleta, que agora flutuava ao lado de Rob.

Mas Rob já sabia. Sem esperar, falou firme:

— Primeiro, quero um sistema de suporte. Algo que me ajude: mostrar habilidades, níveis, evolução.

O velho assentiu, anotando no ar com uma pena invisível.

— Segundo — continuou —, quero a capacidade de usar haki. Armamento, observação... e se puder, também o do conquistador.

— Ousado — comentou o velho, divertido.

— E terceiro... quero talento nato para magia. Quero aprender e usar como se fosse algo natural.

O velho estalou os dedos. Uma luz dourada cercou Rob, preenchendo-o de uma sensação quente, vibrante, como se o universo inteiro o aceitasse de braços abertos.

— Muito bem, pirralho. Boa sorte... você vai precisar.

Antes que pudesse perguntar o que aquilo significava, Rob sentiu seu corpo se desfazer em partículas douradas.

Ele acordou com o som de trovões distantes e um cheiro forte de enxofre no ar. Ao redor, a paisagem era um pesadelo surreal: céus púrpuras cortados por relâmpagos vermelhos, montanhas flutuantes e rios de lava. A Noitosfera.

Rob se levantou com dificuldade, sentindo algo diferente — como se seu corpo estivesse mais leve, mais forte. Mas ainda era ele.

— Se continuar cheirando a fumaça da Noitosfera, vai acabar ficando com os pulmões pretos — disse uma voz rouca.

Rob ergueu a cabeça. Encostado na entrada de uma caverna, meio coberto pela sombra, estava um jovem de aparência rebelde: jaqueta de couro rasgada, óculos escuros, chifres discretos entre os cabelos.

Ao lado dele, uma motocicleta velha, cercada por sacolas e bugigangas brilhando.

— Você não parece daqui — continuou o rapaz. — Roupa limpa, cara de quem ainda sente medo... novato?

— Algo assim... — respondeu Rob, tentando entender se aquilo era ameaça ou ajuda.

O estranho deu uma risada leve.

— Vem. Ficar parado aí é pedir pra ser devorado.

Rob, hesitante, seguiu até a caverna.

O interior era surpreendentemente acolhedor, ainda que improvisado: peles velhas no chão, uma fogueira morna, estantes de pedra cheias de quinquilharias roubadas.

— Meu nome é Blade — disse o rapaz, jogando uma maçã ressecada para Rob. — Meio demônio, meio humano.

Rob pegou a fruta com cuidado.

— Rob. Só Rob.

Blade soltou uma risada curta.

— Bem, Rob... se quiser sobreviver, vai ter que aprender algumas coisas.

Assim começaram os dias mais intensos da vida de Rob.

Treinavam todos os dias. Blade o acordava com tapas leves e o arrastava para exercícios físicos, simulações de combate, fugas de emboscadas e até rudimentos de magia.

— Essa porcaria de sistema que você ganhou — zombava Blade, vendo Rob tentar conjurar uma faísca nas mãos — vai ser inútil se você não souber usar seu corpo.

À noite, comiam ao redor da fogueira e trocavam histórias. Blade contava sobre seu passado dividido entre o mundo humano e a Noitosfera, sobre sua mãe humana e seu pai demônio que fugiram da guerra.

— Ser meio a meio é bom pra não pertencer a lugar nenhum — disse ele, com um meio sorriso.

Rob falava sobre seu mundo de arranha-céus e metrôs, sobre como a vida parecia vazia lá, e sobre como, estranhamente, se sentia mais vivo naquele inferno do que jamais havia se sentido na Terra.

Uma estranha camaradagem nasceu entre eles. Não era confiança cega — era algo mais bruto, mais real. Uma aceitação mútua de que, se era pra sobreviver ali, era melhor estarem juntos.

Dias depois, o estoque de comida chegou ao fim.

Blade remexia os baús, soltando palavrões baixos.

— Só uma cebola podre e meia barra de sabão — resmungou.

Rob olhou para a plantação raquítica do lado de fora: folhas mirradas, frutas deformadas.

— Não dá nem pra fazer uma sopa, né? — brincou, forçando um sorriso.

Blade chutou um pedaço de pedra.

— Precisamos agir. E rápido.

Ele puxou sua jaqueta esfarrapada e encarou Rob com um brilho malicioso nos olhos.

— Tem um cassino não muito longe daqui. Cheio de comida, roupas, ouro... e guardas burros o bastante pra serem enganados.

Rob ergueu a sobrancelha.

— Você quer... invadir um cassino cheio de demônios?

Blade ligou a motocicleta, que tossiu como se fosse morrer ali mesmo.

— Prefere morrer de fome?

Rob suspirou, ajustando o casaco.

— Então vamos revirar este inferno.

E assim, com risadas abafadas e corações acelerados, eles partiram juntos rumo a mais uma loucura no coração da Noitosfera.